Ato de transfobia em Itabaiana é apenas a ponta do iceberg do país que mais mata pessoas trans
- Tainara Paixão
- 9 de fev. de 2021
- 2 min de leitura

"Tudo começou com uma brincadeirinha, depois uma pirraçinha, depois apelido, depois mangação... Como nunca dei importância, ele partiu pra agressão". Esse é o relato da mulher transexual Andressa Santos, vítima de transfobia na cidade de Itabaiana. Andressa foi ameaçada de morte por seu vizinho Afonso, que se deslocou até sua casa no último sábado, 6, com o intuito de ameaçá-la com paus e pedras sem nenhum "motivo" aparente.
O que aconteceu com Andressa não é apenas um fato isolado, mas a ponta do iceberg de um fato social inerente a um país transfóbico. O Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo, de acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA).
Segundo os relatos de Andressa, ela presenciou toda a cena de longe, amedrontada. Ela teve o direito de dormir na sua própria casa tomado, e acabou indo dormir na casa da mãe, porque não sabia o que poderia acontecer se confrontasse o homem.
Ela registrou um boletim de ocorrência na Delegacia Especial de Atendimento à Grupos Vulneráveis, que afirmou enviar intimação para que o homem compareça na próxima sexta e explique a motivação das agressões.
O ato da transfobia não fica restrito apenas a agressões físicas, mas a piadas com o intuito de ridicularizar, humilhar e desprezar a condição de pessoas transgêneros. O incômodo com a vida de uma pessoa que não corresponde às suas expectativas sociais de vida, é transfobia.
Pessoas trans vivem em constante ameaça; andam nas ruas e deixam rastros de medo justamente por essa naturalização do preconceito. Em Aracaju, uma adolescente foi vítima dessa naturalização e foi encontrada morta com sinais de espancamento em várias partes do corpo.
Que medidas legais sejam tomadas com efetividade contra esse imaginário que despreza pessoas. À Andressa, toda solidariedade e forças.
Tainara Paixão
Jornalista
contatotainarapaixao@gmail.com
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